terça-feira, 22 de outubro de 2013

O verdadeiro pecado é sofrer

Uma vida repleta de felicidade e excessivo conforto, onde os dias passam sempre iguais, isenta de qualquer preocupação e da possibilidade do surgimento de um acontecimento inesperado, acabaria sendo impregnada de um tédio insuportável.
Em síntese, posso dizer, pois, que o entrechoque de opiniões e de inclinações, ou mesmo o aparecimento de contrariedades, a disparidade de inteligências, de idades, de temperamentos, de riscos constantes por contas das diferenças, o receio da morte, as alternativas, os altos e baixos que vamos tendo ao longo da vida, a inquietação que trazemos sempre dentro de nós e que nos faz temer o futuro, os obstáculos a vencer, a esperança de dias melhores, a convicção de que os momentos de felicidade são passageiros, pensamentos que viajam fora do controle, dos ciúmes exagerados, o medo da doença e a certeza de que a vida é curta são alguns dos fatores que nos fazem continuar amando desesperadamente e defendendo, com unhas e dentes sentados em cima das esperanças em nossa acidentada, mas sempre amada vida, neste belo planeta Terra.
Então, o pior pecado é o sofrimento. Digo até que o único grande pecado é sofrer. Não há nada que possa nos fazer trocar o aprimoramento pelo sofrimento, pois nem a dor na carne e nem as dores dos sentimentos deveriam nos tirar o prazer e a alegria de viver.
Temos no passado, e agora bem presente, exemplos de pessoas que trocaram o sofrimento da sua grave doença por uma vida alegre, aceitando que com ou sem ela, o maior pecado seria sucumbir à dor.
Nosso grande jogador de basquete de todos os tempos é um exemplo presente de como devemos encarar uma doença grave sem perder a alegria de viver. "Morrer, eu sei que vou. Doente ou não, não vou escapar da morte, então, de qualquer maneira, o melhor é viver e morrer com alegria".
Tudo o que é fornecido pelo criador não passa de aprimoramento,  nosso crescimento e nossa evolução como ser humano.
Da mesma forma, uma das coisas que torna a vida interessante é a sua relativa brevidade e a ignorância do dia em que desapareceremos da face da Terra. Que castigo tremendo se soubéssemos, com toda a certeza, que iriamos viver mais de trezentos anos, sempre fazendo e repetindo as mesmas coisas que já fizemos centenas de vezes assim é a vida da maioria das pessoas que estão acima dos noventa anos, uma repetição de coisas diariamente que em sua maioria sem o apoio desejado dos mais jovens, mesmo estando velhos também. Assim mesmo, eles querem viver para assistir e participar das esperanças dos filhos, dos netos e bisnetos. Querem viver a sua vida na vida dos outros e não são compreendidos. Mesmo com os mesmo rituais diários não querem morrer.
Um certo grau de inquietação também faz parte da nossa evolução. Desde que não exceda determinados limites, essa inquietação é, sob alguns aspectos, útil, e mesmo necessária. Isso, na condição dela se converter em trabalhos construtivos ao seu espirito e ao seu coração.
Fazer algo pela evolução humana, nos preocuparmos sinceramente com o próximo, deixando de lado todos os nossos pensamentos egoístas, são atitudes que fazem com que amemos cada dia mais a vida, sem deixarmos nos abater pelo pecado do sofrimento.
Muita gente diz que sofre, porém, não olha o que acontece a sua volta. Quando aprendemos a olhar o todo, o nosso sofrimento passa a ser uma lição pequena diante de tantas outras grandes lições impostas pela vida. O nosso sofrimento não seria nada se fôssemos humildes, se olhássemos para o nosso irmão com compaixão, se praticássemos a caridade, se não fôssemos egoístas e sempre voltados ao nosso pequeno mundo particular, se desejássemos a felicidade do próximo, se fôssemos sempre gentis e amáveis. Os nossos sofrimentos, muitas vezes, são consequências dos  próprios pensamentos, da nossas próprias atitudes, da nossa vida mesquinha e egoísta, do nosso verdadeiro pecado.

O que torna a vida apetitosa e digna de ser vivida é, justamente, o tempero com a qual preparamos. Esse tempero é feito com uma pitada de inquietação, de inseguranças suavizadas e de leves incertezas quanto ao dia de amanhã. Tudo isso misturado à diversidade de temperamentos, de aptidões, de inclinações, de preferências, de combinações e, claro, do amor a vida e ao ser humano.


2 comentários:

  1. Lindo texto, sábias palavras, querida Roberta!
    E fica a reflexão de quantas vezes eu sou ingrata ao afirmar que sofro!!

    Beijinhos!!♥

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    1. Fica a lição para todas nós!!! Saudadesssss, Mari!!! Beijos no seu lindo Coração!

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Gratidão!

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